Tuesday, April 1, 2008

Prós e Contras...


É de lamentar que durante um programa cujo nome é Prós e Contras, que facilmente se percebe que alude a um lado e ao outro, tenha havido uma crítica, senão mesmo um ataque, ao sucesso e identidade dos colégios privados sem que estes tivessem tido qualquer hipótese de defesa ou resposta. Se foi apontada como uma questão a discutir, ou simplesmente pelo facto de ter surgido, teria sido dever da moderadora deste debate promover a reflexão no assunto, para bem e para mal, para a crítica e concordância, para os prós e para os contras.

É por isso triste que o próprio programa que criou elevadas expectativas pela sua qualidade, esteja agora a perder-se e a pecar na sua própria essência. Parece-me mais viável uma intervenção, por rápida que fosse, minha ou de outro aluno qualquer presente com a experiência de um ensino privado ''no terreno'' (como tantos aliás exigem criteriosamente para aqueles que ousam falar do ensino público) do que uma deliberação ''nos valores sociais e económicos da sociedade actual'' feita por um aluno, tão aprendiz e novato como eu sou, e sustentado por um argumento baseado ''no estado capitalista selvagem'' feito por um currículo tão fértil como uma digna senhora, professora, aluna, mãe, política e mais qualquer coisa certamente.

Percebo no entanto que a falta de tempo possa ter sido a razão de tal desajuste. Para mim, só vem agravar a situação uma vez que houve três alunos do ensino público a falar, professores do público a falar, uma escola pública, dita exemplar, a fazer o ''marketing que os privados (diz-se por aí...) fazem'' e apenas uma pessoa que ainda conseguiu aludir um pouco à experiência do privado, dito por outro alguém um conjunto de ''escolas que aparece não se sabe bem de onde para o topo dos rankings.'' Será esta a liberdade e democracia que a plateia tanto insistia em frisar ter sido conseguida em 1974?

Na minha opinião, apenas veio reforçar que não é o ensino privado que se opõe ao ensino público mas é sim, essa a ideia que se vem a cultivar pelo próprio ensino público e pela pressão mediática que foi aliás, ontem provada existir. No entanto, é necessário parar para pensar no que terá levado aqueles que cerram fileiras protegendo o ensino público a sentir-se atacados quando se fala de indisciplina e insucesso! É que se tocar nas feridas dói, então curá-las mais ainda custa. Enquanto não se entender a escola como um local de educação e não um catalisador de conteúdos, irá ser previsível que sempre que se toque na caixinha, salte o “velho” palhaçinho cá para fora acertando naqueles que o rodeiam.

Parece-me uma situação lamentável e que me deixou enquanto aluno dos meus professores, enquanto professor para os meus amigos, enquanto cidadão, enquanto pai dos filhos que hão-de vir, enquanto educando dos meus pais e professores, enquanto educador dos que me rodeiam, profundamente desiludido.


Por João Luis Santos

Saturday, September 29, 2007

O tutano da minha pátria.





Imagina uma pequena imagem, uma fotografia talvez ou um simples cenário, fruto da tua imaginação: escuro, um ligeiro tom avermelhado e por alguma razão, nada vez senão uma coluna. À direita da coluna de pedra um casal, vestido formalmente ouve e sente aquele ambiente. Na coluna, a fadista camuflada no seu tom preto e apoiada no ombro do guitarrista marca a presença. Na sua frente, o contra-baixista e o violista. À chegada nada nos parecia senão vulgar. A mim pelo menos, algo me constrangia e ao sentar-me dei conta do que era:

As lágrimas escorriam na cara daquela mulher perante o jeito com que o guitarrista tocava, descontraidamente como se o fizesse desde ter aparecido na barriga de sua mãe. Este mesmo guitarrista lançava curtos mas suficientemente óbvios olhares à mulher à sua direita. O marido da mesma, como que em jeitos de compreender o que corria na cara da sua acompanhante puxou-a e encostou-a a seu ombro. O guitarrista não se importou e o seu solo declamou: não sou ciumento. Os ciúmes do marido eram mais que evidentes mas, a minha compaixão estava indecisa. Baixei a cabeça por uns momentos ora impressionado com o ambiente ou preocupado com o pobre homem. Onde ficarias tu? Para onde olharias? Pensava eu: ‘Que sensação esta que me corre. Fico do lado do marido, onde a preocupação de ver alguém tão virtuoso roubar-lhe a atenção a que sente ter direito por momentos, assusta-o tamanhamente ao ponto de levar a mulher à casa de banho com ele? Ou antes do lado da mulher onde a sensibilidade com que esta sente a guitarra, ou tudo um pouco, mostra a beleza do que lhe vai na alma? Para ser perfeito, apenas tiraria o casal. Bom, ao tirá-lo, a beleza da situação era tão mais ou a mesma. Na verdade, fugo ao que interessa. A sala preta é deslumbrante sem ninguém, bastava-lhe os músicos, a vocalista e seus instrumentos. Ei, porque ficou o guitarrista sozinho em cena? Já acabou? Ah! Um solo de guitarra... Que beleza... Este som parece levar-me numa barcaça ao longo de um rio, cada vez mais rápido, cada vez mais entusiasmante, e de repente trava e puxa-me para terra. Esta guitarra... Aliás, tirava o casal, o contra-baixo, a viola, os respectivos músicos e sim, talvez a vocalista. Definitivamente... nada mais belo.’ A mais bonita das paisagens com o ligeiro tom alanrajado do por do sol e uns belos pássaros passava agora mesmo na minha cabeça. Por fim, o guitarrista saiu. A sala ficou vazia comigo a um canto. Talvez aliviado de ter corrido tudo bem, este deixou a guitarra na cadeira. Tirava tudo, os homens e as mulheres e a beleza desta mesma guitarra seria a mesma. A beleza que tem, é beleza por ela mesma. As mãos que eu admiro ao tocarem aquela guitarra nada seriam se não fosse essa mesma guitarra. É bela por sí só. É talvez, a beleza em sí. A maneira como o seu som toca o coração de cada pessoa alí presente. Não, não só alí presente mas eternamente aqueles que foram condenados a ouví-la.
Não, é apenas algo mais.

Isto é Portugal.


Um abraço,
João Santos.

Friday, August 10, 2007

True friends stab you in the front.


Dear Friend,

I’ve never told you to what extent I did care, how deeply you concerned me in my strongest convictions, but most of all, how I do love you. I never really had the chance to say that to you in a proper way since that either you run away or we did it on each other. I believe you get the picture.

I’m a Man as you are. There’s no point in saying a Son of God once that we diverge in that same point. But though, you feel exactly the same emotions I do, with a different rationality and morality or ethics. I’ve been pursuing the Truth the moment I got its existence. But you know, as Fitzgerald said ‘There are only the pursued, the pursuing, the busy, and the tired’; in which of them do you stand? I wonder why we became so ineffectively unconcerned or better, incapable of facing each other. I screamed, I cried, I wondered but further then that, I never got my back on you, it was quite the opposite, I had yours on me. The reason I write you this letter, these ideas and moderations, is the same one that conducted Mankind in all of his reflections: the need of justifying the unknown, either with self believe lies or with pure self believed unjustified truth. The moment I got we would be different, I demanded you nothing what life demands me: coherency. From the moment we took different paths, I demanded nothing but the compromise of following that same path until the end or once looked back, to get the guts of being whispered and joked to come all way back to then go for the less walked path, but in deed, which one? You might believe in invisible energies and the existence of energetic ‘gas stations’ on our body, but once again, how can we be sure of all that? And once on that term, how can we live without being sure of that? The energies you talk my friend, are nowadays seen by me as the correlations people get within each other whenever having a coffee in a random pub after fighting for a car place all day long. So, you might be asking yourself, what’s the problem then? The problem you veteran, is how far you take it. Look at yourself, as you thought me how to do it. Look with the utopic statement ‘no barriers and any misleading concepts’. Can you then tell me what you are? But then, who you are? Can you therefore wonder for a moment, what makes you inside, if there are no barriers with the outside? Can you be yourself? Pardon, can you state that with a convicted justification and a Plato’s sure being aware that furthermore you lye to the one asking you this, you will never me capable of lying to yourself? Then, why do you ignore yourself if what you have been fighting with such ideology is the search for the Truth? My friend, in my own opinion, you have neither been searching the truth or yourself. You have been searching a path to yourself, avoiding all the holes, the gravel and the other cars, in a road where it has always existed, not by option but by nature, you have been trying to build your own road in an attempt to get away such words as pain, sacrifice, guilt, duty, obligation, guts and responsibility, not to me, to yourself. What made me walk back once to never regret what I did was to see that if I’m walking from my house to the river side, there is no point in trying to get the river all away down to my own home. Intelligence is not just confined to know how to make the greatest and remarkable historic happenings to happen. Emotional intelligence is also part of us. The guts to know that you’re pissed with your sister just because so, has absolutely everything to do with the fact that you feel free to feel that same away. I mean, is it right just because you feel so? Just because you assure me that’s the emotion reigning on you? So, where do you stand your rationality? Where do you stand the rationality of your own ‘truth’? Then I wonder, where do you fit the balance between what you feel, and why you feel it? If you don’t, how can you assure me that that’s a source of truth? I’m not in any means saying whose wrong here. I’m just regretting and regarding my ignorance on the paper. You know what, I remember when I met you’re mother for the first time. I remember when I went your home for the first time and I still remember the first time you said something to me. But, on the other hand, I can’t remember when the last time you really listened to me was. I’m not asking you to believe in a merciful and strict and judgmental God once that myself, I took years to get there, and I am still so far away. What I’m asking you, with the coherency I demand to you, is to regard everything you are in a few seconds and then, with the same honestly way that you told me not to believe Him, tell me why. If you get the points all one by one according to your justification, but one plausible, I will get my sword on the sheath and walk way. But if not, if you conclude you just don’t believe him because you don’t want to, because it hurts, because it is hard and it is still a mystery that though you want to, you will never see proved in a positive way, and it is not because it is so unreachable to mundane man that it is wrong, then I beg you not to go away. As I said, I’m not asking you to change an entire life belief in this present moment once that you live in such a world that gets more mad and misplaced at each second I’m writing, I’m asking you to be the man you say you are and get your face upwards on yourself and if you feel proud after wondering every conviction you have then feel it forever, but if it is ashamed you feel, feel it as long as you want it to be there. But please old sport, just don’t call a candle, a lamp, even if both give you the light you need once that the lamp you will turn on and off as long as you wish; a candle, it is just needed a whisper. I could keep on writing about what friends are, what friends mean to me and whatsoever I didn’t tell you the last months we were absent from each other, but I won’t. Just remember that the big fish is the one fishers’ are looking for. The difference is that this net you can either decide whether to be trapped or to go away.

With the best wishes,

João Luis Modesto dos Santos (WW)

Tuesday, April 24, 2007

Não se pode pensar, sem ter nada em que pensar.






















Foto tirada à entrada do plenário.


Caros leitores,

a minha ausência neste meu blog prende-se com o facto de ter participado em inúmeras actividades entretanto, uma delas, o Parlamento dos Jovens 2007 a debater o abandono e insucesso escolar. Assim, sinto-me não só no direito como no dever de deixar uma crítica pessoal uma vez que a proposta enviada para analise não foi de todo, transmissora da minha posição..


Numa sociedade que é hoje fruto das mais diversificadas influências dos seus membros, perdeu-se no seu todo um espírito necessário não só à resolução deste problema, como também ao diálogo e à vivência. A Humildade, o reconhecimento da Ignorância do Ser Humano, foi esquecida. Jovens com Sabedoria, sabedoria essa que alimenta seus egos e sua cegueira e sabedoria essa que não encontra em mim palavras para expressar o descontentamento com que assisti a algumas opiniões neste evento, sabedoria essa com que certamente não encontram em si sabedoria suficiente para que possam reconhecer o que realmente são.

Valorizando aqueles que já muitas luas viram brilhar, algumas das melhores lições da nossa vida serão dadas pelos erros do nosso passado. Não poderemos nunca esquecer o que está para trás, pois isso desmoronará todo o pouco construído para a frente. Não poderemos igualmente querer pensar sem ter nada em que pensar. Não podemos de modo nenhum exigir e passarei a citar ‘escolas apetrechadas de recursos informáticos e outros meios necessários’, quando fugimos literalmente do Conhecimento. Não podemos exigir uma escola com recursos, se não dermos provas de deles necessitar. Não será o investimento na presente data feito, mais do que excessivo e no entanto, não conclusivo? Pergunto-vos que pensaria Einstein, Amadeu Sousa Cardoso ou Mozart. Os professores, os portadores do conhecimento por nós, jovens ignorantes, necessitado, devem ser respeitados ao mais alto nível pelas suas qualidades e defeitos. Devem, na sua totalidade, ser satisfeitos perante as suas vontades. Se as suas vontades são a falta de competência técnica, não hesito: rua. Se a sua vontade, é a dedicação platónica aos seus disciplos, ajoelho-me. Jamais poderão ser tratados como Doutores de nariz pintado de vermelho, não numa democracia, não numa sociedade repleta de direitos e deveres. Por isso, não se crie em momento algum a necessidade de escolas alegres e atractivas aos seus alunos, pois a esses alunos, será atraente o desleixo e desresponsabilizada atitude com que têm vivido estes anos no ensino.

Nesta proposta, não encontraremos em situação nenhuma um apelo ao trabalho árduo e necessário para os jovens lideres do futuro. Queixam-se de reformas demoradas e difíceis, mas se precisarmos de pinheiros, e estivermos conscientes de que levam 100 anos a crescer, comecemos já! Não encontramos nesta proposta, em momento algum, uma responsabilização dos jovens estudantes como eu, tal como não encontramos a responsabilização das escolas que os formam. A culpabilização perante o não cumprimento de um dever, advém da liberdade de o poder recusar. Pois quando as nossas academias aceitam um estudante, devem explicitamente ter presente o dever de o formar na mais alta qualidade com que se comprometem. É por isso, que como nota final, demonstro o meu parecer na necessidade de um aumento na liberdade concedida às escolas. A necessidade é o motor da evolução. Já assistimos a uma gestão pública de recursos e administrativa da admissão de cargos, e vemos onde nos trouxe. A necessidade de cativar seus alunos através da excelência, será a única garantia de um ensino de qualidade. Não são os anos de vida que importam mas sim, a vida nesses anos. Não é um investimento, se me permitem absurdo, que garantirá a qualidade, mas sim, a dedicação, esforço, suor e lágrimas que serão derramadas ao lado das páginas dos livros de que hoje fugimos. Para aprendermos as lições mais importantes da vida, será necessário enfrentar cada um dos nossos medos, um de cada vez, um por dia. Vemos onde nos trouxe esta liderança pública e falaciosa por ser feita pela mesma entidade que cria, legisla, fiscaliza e encerra conforme os seus princípios e regras, regras estas que está habilitada a mudar quando lhe for oportuno. Tal como temos o dever de proteger os jovens ignorantes da Ignorância em si, é preciso proteger a sociedade das falhas do Estado, que só serão contempladas com uma liberdade no ensino. Liberdade esta, necessária não só pelos motivos já referidos, como também como forma de justiça para com os pais que estabelecem um plano educativo para os seus filhos e para aqueles pais, que pagando impostos para a educação publica, vêem necessário o pagamento das mensalidades de um colégio privado.



Caros colegas estudantes, caros colegas jovens, caros leitores,

um abraço,

João Santos.


Saturday, March 24, 2007

Mesmo não vendo, depois de um pôr do sol, há sempre o seu nascer.












Álbum: Sunset.
Dedicado a: Oriana's grandfather.


Dear diary,

Today, in my early morning, I got up and took one of those baths! I took so long to prepare myself that even my conscience kept my angel regarded. After all I knew what would come up next. If you remember, what I believe you do, seven years ago my grandfather, John Nash, was put into an elderly home. On that first page of my diary I wrote all the most incomprehensible and frustrated words whenever wrote by me in order to express the knife crossed into my heart.

I have always admired my grand. Each word he is capable to say makes my worries to vanish and give space to a deep reflection on his knowledge. The simplicity of his words contrast with the elaborated message he tries to transmit. His eyes never allowed him to rephrase a sentence. What you could not understand from what he said, was probably due to the lack of emphasis that his advanced age limited him, but once again, his eyes touched every other soul in a way that, what he wanted to say was not exposed to ignorance, but limited to be direct to our heart. When I arrived there, a farm in the middle of the nowhere, he stood in front of a tree in the direction of the lake. Deeply regretting all the missed years, and wondering if he would still remember me, I waited one hour before my approach. Before I could say anything he stroke: ‘I knew you would come.’ My emotions flew away and just both our souls remained there. He didn’t move, and yearning for looking at him I moved into his front. I sat at his feet waiting for forgiveness but it didn’t come out as I expected. We had just started talking when he asked me to keep silence. There was the sunset: ‘I knew one day he would come.’ He fell aside me and I only understood what had really happened when the tremendous white foam came out of his mouth.

I came back home, sat here and knowing all the good you’ve brought to me, I say a short goodbye saying that this is the last day I write, the day when the sun disappeared once again, but once for all.

Beijos e abraços,
João Santos.



Texto por: João dos Santos
Fotografia por: João dos Santos

Wednesday, March 21, 2007

A última esperança.















Álbum: Mesmo no turvo, se vê o óbvio.

O que era meu, varreu. Perante as altas ondas daquele furibundo mar, escorreu, torceu e sofreu! Perante a alma, perante a mais crua das Verdades que é no fundo, a mais fútil das banalidades, o que posso e o que amo, agarrou-se ao mais alto mastro estendendo a bandeira suplicando o Silêncio das almas que jamais falariam. Quero pegar eu num remo e Meditar no teu Amor, quero eu vendar os olhos cingindo-me ao intrínseco pensamento que aparentemente todos estamos habilitados a ter, pensando na virtude da Razão mas amaldiçoado por esta Ignorância, este medo, esta sina! A minha eterna e desvendada mentalidade, que respira Conhecimento e Maturidade, não sabe pois, agora, depois de gritos de imposição e constrangimento de defesa da mais bela das cruzadas junto à espada que juntos empunhamos, não sabe pois que palavras escolher. Ouço as notas dum Piano que subtilmente deixa o seu som correr ao longo do infindável salão. Toca nota a nota a partitura mais bem escrita e perdida nos sonhos do Compositor onde por acaso foi encontrada, depois revelada, questionada e é hoje fruto de devoção. Não passaria na cabeça de homem algum que segurasse a taça de champanhe mais bem cuidada roçando a gravata talhada pelo Alfaiate mais cuidadoso, alfaiate este que se gaba no seu próprio silêncio, do seu silêncio mesmo em si, de interromper o caríssimo pianista, fruto de anos sentado a olhar preto no branco o que a perfeita ignorância escreveu de modo a soar divinal ao ouvido mundano, dizendo: ‘enganou-se numa nota, caro senhor.’. Espreitando à janela, à luz da lua que se reflecte no seu olho direito, queimado do esforço de estar fechado face às pequenas notas escritas no guardanapo apoiado no joelho enquanto pega uma moeda de 50 escudos para que se luxurie com as novidades redundantes no diário esfumado de cultos e cheirando a uma mistura de café e tabaco, está desempregado, lamentado, corroído pelo silêncio não imposto mas por si só existente, um Jovem com a boina posta na cabeça que divide a lua das velas francesas cuidadosamente dispostas no candelabro de ouro, cujo pianista usa para se possibilitar uma visão mais clarificada das notas por ele lidas e não escritas. O pianista, de costas para a janela, olha nos olhos do cavalheiro e analisa o seu agrado. ‘Proporcionará alguém, momentos tão ou mais belos como os meus? Jamais.’ A sua Humildade impressionaria qualquer um, e os seguinte pensamentos também, não fosse o secretário entrar sala a dentro exclamando ao excelentíssimo cavalheiro a sua atenção para um vulto na janela. O vulto levanta-se, assustado e perseguido pelo tiritar dos joelhos, pede clemência, grita revoltado com a sua Ignorância e apesar das mais belas verdades que este possa dizer reclamando o poder ao verter no exterior a vontade do seu desabafo, homens com 'blazers', capas que descem até ao joelho e coletes onde penduram o seu relógio, atiram-no ao chão num silêncio imposto, rasgado à verdade de modo a contribuir para que o senhor cavalheiro, cuja cara permanece na Escuridão e sua mão desce tranquilizando o pianista com um: ‘Continua, estou-te a ouvir.’ continue sentado nesse mesmo salão.


Beijos e abraços,
João Santos.


Texto por: João dos Santos.
Fotografia por: João dos Santos.

Monday, March 19, 2007

Cogito ergo sum.















Álbum: Polis, o que no Nome tens, na História conténs.
Dedicado a: Oriana.


Uma fotografia que me remete para o problema da Humanidade. O facto de realçar as cores, o contraste do rio com o Pai acolhedor ou mesmo, uma simples parede com um par de árvores, desvia-nos o olhar do que de mais esta cidade tem, do que de mais esta cidade é feita, e do que de mais esta cidade vive: os seus Cidadãos.

De uma Pátria que desta mesma emoldurada parede saiu, lutou e conseguiu toda a perdição de qualquer Guerreiro ao serviço de um Brasão, saímos hoje à mesma rua em que este cavalgou, acompanhados da Ignorância, Indiferença e no entanto, Certeza. A possibilidade de estarmos errados, que corre lado a lado tanto com a nossa Humildade como com a nossa presença de espírito na Vida, está hoje esfumada pela Sociedade perdida em que vivemos. A mais astuta das reflexões não nos compadece perante o Conhecimento e é um facto, a exigênica de um espírito crítico por parte dos jovens na vida contemporânea, não é mais do que a mais fútil das satisfações perante todo o complexo movimento social juvenil e por isso, Inexperiente, da necessidade de se sentirem úteis. Venho com este texto, a todos aqueles que o lerem, dizer o óbvio mas esquecido: não podemos pensar, sem ter nada em que pensar. Afundem-se nos livros, percam-se ao longo de reflexões nas vossas mentes e no dia em que estiverem preparados para criticar, saberão que não o poderão fazer...


Beijos e abraços,
João Santos.