Tuesday, April 24, 2007

Não se pode pensar, sem ter nada em que pensar.






















Foto tirada à entrada do plenário.


Caros leitores,

a minha ausência neste meu blog prende-se com o facto de ter participado em inúmeras actividades entretanto, uma delas, o Parlamento dos Jovens 2007 a debater o abandono e insucesso escolar. Assim, sinto-me não só no direito como no dever de deixar uma crítica pessoal uma vez que a proposta enviada para analise não foi de todo, transmissora da minha posição..


Numa sociedade que é hoje fruto das mais diversificadas influências dos seus membros, perdeu-se no seu todo um espírito necessário não só à resolução deste problema, como também ao diálogo e à vivência. A Humildade, o reconhecimento da Ignorância do Ser Humano, foi esquecida. Jovens com Sabedoria, sabedoria essa que alimenta seus egos e sua cegueira e sabedoria essa que não encontra em mim palavras para expressar o descontentamento com que assisti a algumas opiniões neste evento, sabedoria essa com que certamente não encontram em si sabedoria suficiente para que possam reconhecer o que realmente são.

Valorizando aqueles que já muitas luas viram brilhar, algumas das melhores lições da nossa vida serão dadas pelos erros do nosso passado. Não poderemos nunca esquecer o que está para trás, pois isso desmoronará todo o pouco construído para a frente. Não poderemos igualmente querer pensar sem ter nada em que pensar. Não podemos de modo nenhum exigir e passarei a citar ‘escolas apetrechadas de recursos informáticos e outros meios necessários’, quando fugimos literalmente do Conhecimento. Não podemos exigir uma escola com recursos, se não dermos provas de deles necessitar. Não será o investimento na presente data feito, mais do que excessivo e no entanto, não conclusivo? Pergunto-vos que pensaria Einstein, Amadeu Sousa Cardoso ou Mozart. Os professores, os portadores do conhecimento por nós, jovens ignorantes, necessitado, devem ser respeitados ao mais alto nível pelas suas qualidades e defeitos. Devem, na sua totalidade, ser satisfeitos perante as suas vontades. Se as suas vontades são a falta de competência técnica, não hesito: rua. Se a sua vontade, é a dedicação platónica aos seus disciplos, ajoelho-me. Jamais poderão ser tratados como Doutores de nariz pintado de vermelho, não numa democracia, não numa sociedade repleta de direitos e deveres. Por isso, não se crie em momento algum a necessidade de escolas alegres e atractivas aos seus alunos, pois a esses alunos, será atraente o desleixo e desresponsabilizada atitude com que têm vivido estes anos no ensino.

Nesta proposta, não encontraremos em situação nenhuma um apelo ao trabalho árduo e necessário para os jovens lideres do futuro. Queixam-se de reformas demoradas e difíceis, mas se precisarmos de pinheiros, e estivermos conscientes de que levam 100 anos a crescer, comecemos já! Não encontramos nesta proposta, em momento algum, uma responsabilização dos jovens estudantes como eu, tal como não encontramos a responsabilização das escolas que os formam. A culpabilização perante o não cumprimento de um dever, advém da liberdade de o poder recusar. Pois quando as nossas academias aceitam um estudante, devem explicitamente ter presente o dever de o formar na mais alta qualidade com que se comprometem. É por isso, que como nota final, demonstro o meu parecer na necessidade de um aumento na liberdade concedida às escolas. A necessidade é o motor da evolução. Já assistimos a uma gestão pública de recursos e administrativa da admissão de cargos, e vemos onde nos trouxe. A necessidade de cativar seus alunos através da excelência, será a única garantia de um ensino de qualidade. Não são os anos de vida que importam mas sim, a vida nesses anos. Não é um investimento, se me permitem absurdo, que garantirá a qualidade, mas sim, a dedicação, esforço, suor e lágrimas que serão derramadas ao lado das páginas dos livros de que hoje fugimos. Para aprendermos as lições mais importantes da vida, será necessário enfrentar cada um dos nossos medos, um de cada vez, um por dia. Vemos onde nos trouxe esta liderança pública e falaciosa por ser feita pela mesma entidade que cria, legisla, fiscaliza e encerra conforme os seus princípios e regras, regras estas que está habilitada a mudar quando lhe for oportuno. Tal como temos o dever de proteger os jovens ignorantes da Ignorância em si, é preciso proteger a sociedade das falhas do Estado, que só serão contempladas com uma liberdade no ensino. Liberdade esta, necessária não só pelos motivos já referidos, como também como forma de justiça para com os pais que estabelecem um plano educativo para os seus filhos e para aqueles pais, que pagando impostos para a educação publica, vêem necessário o pagamento das mensalidades de um colégio privado.



Caros colegas estudantes, caros colegas jovens, caros leitores,

um abraço,

João Santos.


5 comments:

Anonymous said...

Apesar de inúmeras actividades, o meu melhor amigo continua sempre a escrever como deve, muito correctamente dizendo a sua opinião, não deixando passar em branco a sua Passagem por um Projecto do Estado que, também me motivou e, de certo modo, me desiludiu, vendo que é impossível, ou pelo menos muito difícil, mudar a nossa geração como queremos, ou seja, para muito muito melhor!
É impossível visto termos como oposição, colegas inflexíveis que, não percebem, ou fecham os olhos, ao real problema das nossas escola e educação. Digo impossível, porque a nossa geração é aquela que actualmente está quase formada e é aquela que em breve tomará os altos cargos da nossa sociedade e também nessa altura, verão do mesmo modo este defeito da educação e não farão nada de real importância e transformação para o melhorar.
Como bola de neve, estes problemas vão aumentando e a sua resolução vai-se arrastando, até que um dia alguém se digne a pegar neste país com garras de leão e não o deixar cair na lama, na escuridão. Para isso, João, espero sinceramente que te voluntaries, porque garras não te faltam, apoio também não :D (sou a tua primeiríssima votante), e ideias com futuro estão em abundância na tua mente!
João, tenho esperança nos poucos mas muito bons e até me atrevo a dizer excelentes colegas que, tenho esperança que esses tenham garra e dêem luta suficiente como tu o fazes, não desistindo até não estar concretizado aquilo a que se propuseram!

VOTE JOÃO SANTOS X

LOOOOOL

Já sabes, eu não me importo, tu és o primeiro-ministro, a Inês Cassiano um dos ministros virados para o estrangeiro e eu sou da educação ou das finanças....LOOOL
Já me voluntariei, porque sei que por essa luta vale a pena....hoje festeja-se o 25 de Abril...a liberdade....mas agora que a temos, lutemos por melhor, lutemos pelo passo seguinte, a qualidade das hipóteses de vida, das hipóteses da escolha que com a liberdade hoje podemos aceder!

Adoro.te pá!! Serás sempre daqueles que me preenchem o coração de carinho e orgulho por te conhecer e poder partilhar a minha vida contigo, as minhas ideias, os meus medos, a minha Amizade!

Beijinhos João,
Adoro-te mesmo po muito!

Susana Pereira

Anonymous said...

E VIVA O CHEQUE-ENSINO! xD

Amor, sinto-me orgulhosa de ti! Tao orgulhosa que não cabe em mim! Escrevi uma coisa ontem (nada que se compare ao que tu escreves, mas enfim... isso é apenas um detalhe! xD) que ainda não tenho a certeza se quero que leias, ainda vou pensar. Os alunos que foram para o Parlamento têm, na minha opinião, uma errada das atitudes a tomar sobre este assunto. Pelo que me deu a entender queriam que ganhasse a ideia deles e não a que realmente fosse remediar, de alguma forma, o assunto. Acho que quando seleccionaram os alunos que iriam debater o assunto deviam ter, pelo menos, escolhido alguém para quem a escola estivesse à frente da kizomba! Não o fizeram e as consequências vêm-se quando são aprovadas medidas que incluem redução da carga horária! Dá-me vergonha! Concordo absolutamente com a Susana, apesar de não ter tanto jeito para a escrita como ela. Já disse, se fores para a política, voto em ti. E sou a tua secretária! xD Amo-te, amor! Mais que tudo! Mais longe que aquele planeta novo que descobriram! xD És mesmo tudo para mim!

Beijo enorme!@@

Anonymous said...

Apoio-te João, na tua nobre causa! ainda bem que existem pessoas que realmente se interessam por aquilo que está esquecido, que aparentemente ja nao tem interesse. Ainda bem que lutas, embora por vezes pareça que lutas sozinho existirá sempre gente a apoiar-te. Ainda bem que te interessas pelo futuro, por um melhor futuro, e não so para ti, mas sim para todos, para um país. Orgulho-me da tua vontade e determinação e espero sempre que continues perseverante.

Beijaoo Sr. Deputado
Luísa

Sara Schuh said...
This comment has been removed by the author.
Sara Schuh said...

Chamam-nos a nós, crianças e jovens, o futuro. E no entanto, pouco fazem por nós. E no fundo, poucos de nós fazemos algo por nós mesmos. Como a Aimara diz, "até o Kizomba pode ficar a frente da escola". E não quero com isto dizer que temos todos de tirar um curso superior de medicina, engenharia ou arquitectura. A questão é que, aqueles que o querem fazer devem podem fazê-lo da melhor forma. Na minha opinião, se o ensino no estrangeiro é tão conceituado é porque há falhas no nosso. Então temos de o rever com CORAGEM e mudar tudo o que está, de facto, errado. Leva tempo, mas "os pinheiros tambem levam 100 anos a crescer: comecemos já!".
Mas também há um ponto fulcral: aqueles que não querem seguir para o ensino superior têm de ter tantas portas abertas como os restantes. A via profissional deve ser tão importante como as restantes. A sociedade devia rever os actuais preconceitos e esteriótipos face aos artistas (músicos, pintores, escultores, etc) e perceber, por fim, que qualquer profissão é digna e que não nascemos todos para ser médicos e engenheiros. Temos ainda que falar nos canalizadores, operários, carpinteiros, etc. Todos fazem falta. É por isso que vivemos em comunidade: para que haja inter-ajuda. Todos somos dignos.

Um grande beijinho, João.
Grande texto.

Sara.