Wednesday, March 21, 2007

A última esperança.















Álbum: Mesmo no turvo, se vê o óbvio.

O que era meu, varreu. Perante as altas ondas daquele furibundo mar, escorreu, torceu e sofreu! Perante a alma, perante a mais crua das Verdades que é no fundo, a mais fútil das banalidades, o que posso e o que amo, agarrou-se ao mais alto mastro estendendo a bandeira suplicando o Silêncio das almas que jamais falariam. Quero pegar eu num remo e Meditar no teu Amor, quero eu vendar os olhos cingindo-me ao intrínseco pensamento que aparentemente todos estamos habilitados a ter, pensando na virtude da Razão mas amaldiçoado por esta Ignorância, este medo, esta sina! A minha eterna e desvendada mentalidade, que respira Conhecimento e Maturidade, não sabe pois, agora, depois de gritos de imposição e constrangimento de defesa da mais bela das cruzadas junto à espada que juntos empunhamos, não sabe pois que palavras escolher. Ouço as notas dum Piano que subtilmente deixa o seu som correr ao longo do infindável salão. Toca nota a nota a partitura mais bem escrita e perdida nos sonhos do Compositor onde por acaso foi encontrada, depois revelada, questionada e é hoje fruto de devoção. Não passaria na cabeça de homem algum que segurasse a taça de champanhe mais bem cuidada roçando a gravata talhada pelo Alfaiate mais cuidadoso, alfaiate este que se gaba no seu próprio silêncio, do seu silêncio mesmo em si, de interromper o caríssimo pianista, fruto de anos sentado a olhar preto no branco o que a perfeita ignorância escreveu de modo a soar divinal ao ouvido mundano, dizendo: ‘enganou-se numa nota, caro senhor.’. Espreitando à janela, à luz da lua que se reflecte no seu olho direito, queimado do esforço de estar fechado face às pequenas notas escritas no guardanapo apoiado no joelho enquanto pega uma moeda de 50 escudos para que se luxurie com as novidades redundantes no diário esfumado de cultos e cheirando a uma mistura de café e tabaco, está desempregado, lamentado, corroído pelo silêncio não imposto mas por si só existente, um Jovem com a boina posta na cabeça que divide a lua das velas francesas cuidadosamente dispostas no candelabro de ouro, cujo pianista usa para se possibilitar uma visão mais clarificada das notas por ele lidas e não escritas. O pianista, de costas para a janela, olha nos olhos do cavalheiro e analisa o seu agrado. ‘Proporcionará alguém, momentos tão ou mais belos como os meus? Jamais.’ A sua Humildade impressionaria qualquer um, e os seguinte pensamentos também, não fosse o secretário entrar sala a dentro exclamando ao excelentíssimo cavalheiro a sua atenção para um vulto na janela. O vulto levanta-se, assustado e perseguido pelo tiritar dos joelhos, pede clemência, grita revoltado com a sua Ignorância e apesar das mais belas verdades que este possa dizer reclamando o poder ao verter no exterior a vontade do seu desabafo, homens com 'blazers', capas que descem até ao joelho e coletes onde penduram o seu relógio, atiram-no ao chão num silêncio imposto, rasgado à verdade de modo a contribuir para que o senhor cavalheiro, cuja cara permanece na Escuridão e sua mão desce tranquilizando o pianista com um: ‘Continua, estou-te a ouvir.’ continue sentado nesse mesmo salão.


Beijos e abraços,
João Santos.


Texto por: João dos Santos.
Fotografia por: João dos Santos.

3 comments:

Susana Pereira said...

Eu amo este texto!! AMO!! Tá um espectáculo, mesmo! Ainda bem que o publicaste e me deste ouvidos quando te disse que este era mesmo daqueles de emoldurar, porque é mesmo, mesmo lindo! Axo k vou fazer.t uma surpresa com ele e depois mostro.te (tive mm agr esta ideia)! eheheheheh!
Bem, tu só podes mesmo brincar comigo quando duvidas de ti! É que só podes estar mesmo a brincar porque tu nem tens esse direito! Ai de ti, que duvides do teu taalento maais que nato! Ai de ti que voltes a pensar sobre isso! Eu dou.te uma ensaboadela sobre quem esse ser que tens ai dentro de ti e tu ficarás encantado outra vez, ganhando força como as marés o fazem da noite para o dia!

Sabes, podia ficar aqui a escrever como magnifico consegue ser o ser humano, especialmente esse ser que se dá o nome de Joao e que só POR ACASO ele é o meu melhor dos melhores daqueles mesmo bons Amigos com aquele A Grande! Mas, realmente, tenho de ir andando; voltar para o mundo normal e sair desse mar de textos que me lembro de ouvir das tuas inspirações. É pena, porque neste momento, só me apetece parar o tempo e ficar a ouvi.los como o piano que toca n salao. Ouvi.los até à exaustao e querer ouvi.los mais uma vez! É isto que me fazem os teus textos. Saudades de ouvir.te e do toque do piano! :)

Sabes, gosto mesmo de te ouvir e não só: Adoro.te como pessoa! E olh, que isso é um achado porque são muito poucos aqueles que adoro! Valoriza aquilo que os outros sentem por ti e mais, valoriza o positivo que tens em ti!

Adoro.te Muito! daqueles adoro.tes que só esta amizade consegue ter.

Susana

PS: Com isto, VÊ LÁ, 20000%!!

Anonymous said...

Amor, adoro este texto! É como se fosse uma confusão que acaba por fazer sentido. Aliás, como disse a Susana, NUNCA penses que não tens talento! Porque se tu não o tens, coitados de nós, que nos restringimos aos textos mais medíocres, Estaríamos bastante mal! Amo-te meu pateta! És mais que tudo!

Oriana

Anonymous said...

tens uma escrita optima, mesmo à joao (lol), profunda e mesmo bonita no meio de ideias por vezes confusas e tristes. Es um homem inspirado, johnny, nao à duvida! quero ver mais destes ;)